A psicóloga Daiane Daumichen faz um alerta sobre o interesse dos adolescentes em usarem drogas, seja ela qual for.

Há algumas semanas, um programa de computador chamado I-doser ficou bastante famoso. Supostamente ele produz “doses” de ondas sonoras que procura interferir nas ondas cerebrais do usuário, simulando o efeito de várias drogas reais em seres humanos. As doses devem ser compradas, e o uso delas é limitado, não sendo possível o seu reuso depois de algumas doses.

Embora tenha sido criado em 2005, o programa viralizou com o vídeo do influenciador digital Johnathan Bastos em que ele diz: “Hoje eu vou ensinar para vocês como ficar ‘locão’ sem droga e sem nada entorpecente, totalmente legalizado. Você só vai precisar de duas coisas: internet e Youtube. É fácil”, afirma o rapaz.

O programa de computador vende experiências sonoras que, segundo a empresa, estimulam o humor e as sensações a partir de músicas gravadas com ondas binaurais, uma técnica antiga e bastante conhecida na área de física e medicina. As sensações causadas pelo programa só acontecem se o usuário estiver usando fone de ouvidos.

Para a psicóloga Daiane Daumichen, é importante que a família fique atenta ao isolamento dos jovens em seus quartos. “Muitos pais acreditam que seus filhos estão seguros no quarto, apenas ouvindo uma música ou assistindo a uma serie, mas na realidade seu filho pode estar procurando a sensação que o I-doser proporciona.”, alerta.

Ela acrescenta que é preciso ficar atento à necessidade e o interesse dos jovens na busca pelo alívio das questões emocionais, especialmente com o uso excessivo de bebidas alcoólicas e consumo de drogas, mesmo sabendo que na fase da adolescência acontecem muitas mudanças de comportamento. “É justamente nesse período que o emocional está mais vulnerável, com muitas dúvidas e conflitos, o que torna esses adolescentes parte do grupo de risco”, explica.

Diversos neurologistas analisaram o programa e acreditam que as ondas sonoras podem interferir nas emoções, mas não conseguem afetar as redes cerebrais de maneira significativa, e por isso é improvável que eles consigam gerar uma dependência química.

No entanto, Daiane alerta que independentemente do I-doser entregar ou não o que promete, é preciso ficar atento e manter um dialógico transparente e sincero com os jovens, a fim de instruí-los sobre o uso de drogas, sejam elas lícitas ou Ilícitas. “A família não pode terceirizar esse diálogo. O perigo pode ser dentro de casa. Não permitam que a fragilidade de uma fase de desenvolvimento do seu filho, que suas “chatices”, afaste-o de você abrindo a porta para o universo das drogas.“, enfatiza a especialista.

A adolescência é um período marcado pelas transformações, mudanças, o que pode gerar um sentimento de baixa autoconfiança, insegurança, baixa autoestima, levando o jovem a comportamentos nocivos. O uso de drogas nesse período pode afetar de forma definitiva o adulto que ele poderia ser no futuro, já que o cérebro humano só se forma totalmente depois dos 24 anos de idade. Dentre as consequências mais comuns está a diminuição da interação social, dificuldade de concentração e memoria, redução do senso crítico, tendência a dependência química no futuro e problemas de saúde mental.