Conheça a cidade de Ouro Preto seus principais atrativos e um pouco de sua história em passeio virtual.
Fundada no século 17 por bandeirantes ainda com o nome de Vila Rica, a cidade de Ouro Preto guarda em sua arquitetura a história do Brasil e do ciclo do ouro. Sonhos de enriquecimento, histórias românticas, rebeliões, disputas de poder e as mazelas da escravidão foram testemunhadas no passado das várias sacadas e janelas que compõe o cenário colonial e mágico da cidade. Cada uma de suas ladeiras tem uma história diferente para contar...
Mais do que revistar o passado, uma aura de mistério e magia cobre a antiga capital de Minas Gerais. Fazer uma visita à cidade é como entrar em uma sofisticada máquina do tempo com amplas e translúcidas janelas. Você observa os contorno do passado em cada um de seus monumentos, prédios, casas, igrejas e pedras. As montanhas em volta trazem o limite do olhar que se perde na paisagem saudosista e cheia de informação.
O nome da cidade
O nome Vila Rica era uma referência ao potencial mineral da cidade, que cresceu e se expandiu sob a aura dourada da mineração. Já o nome Ouro Preto, que a cidade passou a utilizar no século 18, se deve a uma peculiaridade do ouro encontrado na região, o mineral tinha o aspecto escuro na sua camada mais externa.
Onde ir em Ouro Preto
Não existe um roteiro único para visitar a cidade de Ouro Preto, mas alguns passeios são parte obrigatória para quem quer respirar os ares inconfidentes. E se o assunto é esse, nada melhor do que começar com o Museu da inconfidência que está localizado no centro da cidade, na Praça Tiradentes.
Museu da Inconfidência
O Museu da Inconfidência possui um acervo de causar arrepios nos historiadores mais empolgados. Obras de Aleijadinho, pinturas singulares, livros, cartas, esculturas imponentes, armas de época, utensílios domésticos e até mesmos móveis coloniais estão expostos e catalogados nas salas do museu. A visita mesmo sem guia é completamente interativa, instrutiva e intuitiva.
De todos os itens do acervo do Museu da Inconfidência me chamaram atenção dois. O primeiro é um estatua de São Jorge encomendada pela Câmara de Vila Rica para ser conduzida a cavalo em uma procissão e retrata o santo com uma indumentária diferente e um bigode.
O outro item é uma escultura de Aleijadinho, a obra a Samaritana que foi recuperada judicialmente em 2013, mostrando o valor que uma arte centenária pode ter no mercado informal.
Interessante frisar, que muitas obras de Aleijadinho expostas em Ouro Preto em diversos acervos, tem autoria atribuída, o que significa que não se tem certeza de que ele realmente às fez.
O local cobra uma taxa de entrada.
Seguindo o caminho do ouro de Vila Rica
Depois de mergulhar na história inconfidente, um roteiro mais lógico é seguir para a famosa Casa dos Contos, afinal, oficialmente, a Inconfidência Mineira foi motiva pelo imposto sobre o ouro, o famoso quinto. Na época dos inconfidentes muitas minas de ouro estavam entrando em colapso e a coroa portuguesa insistia em exigir a quinta parte de todo ouro explorado. Esse imposto era devidamente recolhido na cunhagem de barras e moedas que passavam pela Casa dos Contos. (E pensar que no passado 25% motivou uma rebelião...)
O acervo do Museu da Casa dos Contos não é tão imponente quanto do da Inconfidência, mas em compensação a entrada é gratuita e além dos instrumentos usados para fabricação de moedas e barras de ouro, tem a inóspita e macabra senzala com uma exposição de instrumentos que causaram muita tortura e humilhação aos escravos. Não dá para negar a coerência do acervo do museu, já que a relação que a relação entre escravidão e ciclo do ouro é inegável.
Fazendo a Via Sacra de Ouro Preto
Depois seguir o caminho do ouro, uma visita mais espiritualizada pode ser revigorante. E encontrar um local onde o espirito tem lugar privilegiado é bastante fácil em Ouro Preto. A cidade abriga diversas igrejas do século passado.
A religiosidade histórica é tamanha na cidade que de cada um dos pontos tem-se a nítida percepção de ser observado por uma igreja. Sob a ótica de alguns pode significar valores elevados, já para outros a importância da igreja no cotidiano local.
Cada das igrejas da cidade possui seus atrativos como afrescos de mestre Ataíde, esculturas de aleijadinho, e pias batismais trabalhadas detalhadamente. Interessante notar nas igrejas algumas coincidências bem pontuais, a maioria possui um cemitério destinado a seus correligionários. Em todas visitadas existia a famosa fofoqueira, um espaço literalmente para sentar e contar casos. E na maioria das igrejas existiam as tão faladas mesas com gavetões que são comuns em toda cidade. Esses móveis com gavetas enormes tem a péssima fama de servir para esconder coisas das visitas indesejadas, como comida ou documentos.
As igrejas mais aclamadas são um roteiro especial. Entre elas podemos citar a Igreja Nossa Senhora do Carmo, a Igreja São Francisco de Assis, Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Perdões, Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Igreja de Nossa Senhora das Mercês E Misericórdia, Igreja São Francisco de Paula e Basílica de Nossa Senhora do Pilar.
A última tem um acervo localizado na sacristia que conta com vários castiçais de prata, tecidos com fio de ouro e muitos itens usados para celebrações religiosas que mostram a riqueza da cidade outrora.
Parada para um café "colonial"
Percorrer as ladeiras de outro preto pode ser desgastante fisicamente, logo uma parada para o café é sempre uma boa ideia, principalmente para quem entrar no clima da cultura mineira. Minha sugestão é variar, mas alguns locais merecem ser citados pela qualidade: Império Cacau, Rena Café e Chocolates Ouro Preto.
No Rena Café a bebida prensada é uma degustação à parte para o paladar de quem gosta do tradicional grão.
O Brilho das Pedras
Não tem como falar de Ouro Preto e Minas Gerais sem falar de pedras. O roteiro melhor para isso é seguir para o museu da Mineralogia e depois passar na feira do Largo Coimbra.
No museu de mineralogia que é cobrada a entrada é possível ver um acervo impressionante de pedras de várias partes de Minas Gerais, do Brasil e do Mundo. Nessa visita o ponto alto é uma sala cuja a fotografia é proibida. Nesse local uma coleção mineral muito bem organizada e destacada enche os olhos e deixa os visitantes literalmente deslumbrados.
O ponto fraco dessa visita foi uma exposição deslocada, que se encontrava na data(junho de 2018), de responsabilidade de uma organização estudantil da universidade local, com contexto político partidário em um órgão público(não dá para entender como isso ainda acontece em pleno século 21 em um prédio da época colonial...).
Já na feira do Largo Coimbra uma pedra só em destaque. O famoso artesanato em pedra sabão domina o local e uma infinidade de esculturas encantam pela tradição e qualidade artística que só poderia surgir com o acumulo do tempo. É um bom local para adquirir um presentinho.
Subindo o morro para descer na mina
Para quem gosta de se aventurar Ouro Preto tem várias opções. Tem o famoso pico do Itacolomi e a cachoeira das Andorinhas. Dois roteiros imperdíveis para quem de ecoturismo. Mas se você procura uma aventura rápida sem sair da região central da cidade, a melhor opção é subir até o Mirante Morro São Sebastião, visitar o Morro da Forca e descer na Mina do Chico Rei.
No Mirante Morro São Sebastião é possível vislumbrar uma ampla visão cidade e seus contornos barrocos. Já no Morro da Forca a visão não é tão privilegiada, mas tem a força histórica, o local era um palco macabro no século XIX, pois ali se encontrava uma forca oficial da cidade.
Continuando a aventura a dica é descer na mina do Chico Rei e sentir um pouca da pratica da atividade mineradora do século XVIII. Localiza bem no centro da cidade o local era conhecido como Mina da Encardideira no período colonial.
Desativada e abandona a mina foi redescoberta na década de 50 e rebatizada com o nome do personagem histórico de Ouro Preto a quem é atribuída a propriedade da cava no passado.
Toninho da Mina, administrador local da Mina do Chico Rei, nos avisa:
“Tem muita gente oferecendo visita as minas, mas só existem duas oficiais.”
E Toninho está certo. As duas minas que constam no roteiro oficial são: Mina da Passagem, localizada em Mariana, e a Mina do Chico Rei em Ouro Preto. A placa de indicação que fica na frente do Museu da Inconfidência confirma a história e indica a atração da cidade de Ouro Preto.
Farmácia colonial da Vila Rica
Com tanta história pelas ruas e ladeiras de Ouro Preto fica a dúvida de como eram tratadas as questões da saúde nos séculos passados, e o Museu da Farmácia é a resposta para um pedaço desse enigma. No local são encontrados instrumentos, objetos e remédios usados antigamente. Além disso livros antigos compõe uma rústica biblioteca destona a estudantes que ainda tem aulas no prédio tradicional.
O acervo é muito interessante e alguns dos itens são bem intrigantes como o Sangue de Drago.
Onde se hospedar em Ouro Preto
Para se hospedar existem diversas opções na cidade para todos os bolsos. Os hostels estão em alta. Tradicionais pousadas disputam clientes e oferecem promoções bem atrativas. Existem ótimos e charmosos hotéis para quem quer investir alto e também hotéis com um excelente custo-benefício como o caso do Boroni Palace Hotel que é bem localizado, moderno e tem quartos com preços bem acessíveis.
O que fazer a noite em Ouro Preto
A cidade de Ouro Preto pode ser bastante inspiradora ao cair da noite, principalmente se estamos falando da época mais fria. Com o clima gelado, uma boa companhia, uns drinques para descontrair e um passeio gastronômico através dos paladares pode ser reconfortante. Porém, não seria realista falar de locais que não visitei nessa matéria, logo peço desculpas àqueles locais que não tiveram seu nome citado e merecem destaque antecipadamente.
Se você procura um local em que o custo-benefício é prioridade, o ponto alto da sua noite em Ouro Preto pode ser no Porão. O local tem diversas opções de cerveja, vinhos e tira-gosto a preços modestos.
Se a procura já um pouco mais de requinte, sem dúvida o Escadabaixo Bar Cozinha do Restaurante Café Gerais é a opção ideal. Os preços são mais salgados, mas o ambiente, o serviço e a gastronomia valem o investimento.
Mas para quem gosta de um local intimista e uma boa pizza nada melhor do quer dar uma passadinha no Restaurante Spaghetti e experimentar a massa fina.
Lado B de Ouro Preto
Nem tudo é uma maravilha na cidade de Ouro Preto. Algumas igrejas estão em estado de conservação que exigem uma reforma urgente. Alguns aparatos como o Parque dos Contos parecem estar abandonados ao relento.
A abordagem de pessoas oferecendo serviços, indicando roteiros e restaurantes e pedindo doações está em alta e as abordagens às vezes passa dos limites. Talvez sejam o sinal da crise que atingiu ou Brasil ou um problema local, mas de fato é uma situação bem diferente de 15 anos atrás e não é nada agradável.
Existem conflitos da população local com a administração em relação a destinação de alguns espaços públicos e está mais difícil de encontrar locais baratinhos para beber uma cervejinha como há tempos atrás.
Muitos locais cobram entrada e visitar tudo pode tornar o orçamento curto bem inacessível para quem tem baixo poder aquisitivo.
Falta certo planejamento turístico para a cidade. Poderia existir um passaporte único para visitar todos os roteiros. O que além de atrair novos visitantes deixaria tudo mais acessível.
A circulação de carros atrapalha muito e às vezes é perigoso tanto para os motoristas devido à declividade das ladeiras quanto para o pedestre.
O morro da Forca está completamente vandalizado com pichações.
Acessibilidade é um problema imposto pelas limitações geográficas do relevo.